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Coração de Ferro, peca por ser genérica e questionável

Coração de Ferro chegou como uma minissérie de apenas seis episódios no Disney+. Ela marca o fim da Fase 5 do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). É uma criação de Chinaka Hodge (O Clube da Meia-Noite) e conta com nomes como Kevin Feige (presidente da Marvel Studios), Ryan Coogler (Pantera Negra) e Brad Winderbaum (chefe de streaming, televisão e animação da Marvel Studios) na produção-executiva. A ideia era trazer uma nova obra com protagonismo feminino, apresentando uma heroína jovem, tecnológica e ambiciosa. Além disso, temas como luto, família e o confronto entre tecnologia e magia também foram abordados. O problema é que, no papel, tudo parecia bonito e promissor, mas o que vimos foi uma história genérica e sem emoção.

Sinopse

A série centra-se em Riri Williams (Dominique Thorne), uma brilhante e jovem prodígio da tecnologia que cursa o MIT. Após os eventos de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022), onde ela ajudou os wakandanos na luta contra o Talokanil, Riri retorna para casa em Chicago. Lá, ela se envolve em uma nova aventura, descobrindo segredos que colocam a tecnologia contra a magia e a levam a um caminho de perigo. Inspirada no legado de Tony Stark (Homem de Ferro), Riri constrói sua própria armadura superpoderosa, utilizando tecnologia de ponta e materiais avançados. A série explora a jornada de Riri para se tornar uma heroína por conta própria, enfrentando dilemas entre ciência e misticismo e lidando com o luto e as responsabilidades que vêm com seus dons.

Decisões questionáveis

É muito triste saber que a série sofreu ataques racistas e misóginos antes mesmo de estrear. Parece que ter uma mulher negra como protagonista ofende muita gente. Isso, de fato, nunca deveria ser um problema; porém, é preciso evidenciar que essa série está muito abaixo do que era esperado. Se a analisarmos apenas como uma aventura pontual e passageira, ela até pode cumprir seu propósito a curto prazo, mas se pararmos para pensar mais a fundo, veremos os problemas. Tais problemas me tiraram da imersão e me fizeram sentir raiva da protagonista por não conseguir evoluir como pessoa e por tomar várias decisões questionáveis que a impedem de ser uma verdadeira heroína.

Dificuldade em simpatizar com a personagem

Todos a estão pintando como a nova herdeira de Tony Stark, mas a verdade é que ela não é. Toda vez que tem oportunidade, ela fala mal de Tony Stark e prefere dizer que ele fez o que fez porque tinha dinheiro, enquanto ela não. Mesmo assim, ela é um gênio que constrói coisas tecnológicas com objetos de ferro-velho e, ainda assim, não consegue progredir. A personagem possui uma arrogância que dificulta a simpatia e um luto não trabalhado que atrapalha a trama. Além disso, ela toma atitudes bem controversas, como se juntar a uma gangue de ladrões, deixar uma pessoa morrer e até mesmo fazer um pacto com quem não deveria, apenas para sanar sua mente culpada. A série termina sem aprendizados. Ela gira em círculos e nada é definido como importante para a vida da personagem.

Falhas e mais falhas

Além de ter uma personagem difícil de defender, a história em si também é fraca. A narrativa muitas vezes se estendia demais sem avançar a trama ou desenvolver os personagens como deveria. Frequentemente, a trama não progredia, dando a impressão de que nunca levaria a nada e que, por muitas vezes, era apenas genérica. Faltaram aqueles episódios em que a “chave viraria” e a série ficaria boa. A falta de um impacto maior deixou muito a desejar. A Inteligência Artificial que Riri cria sem querer, como sua melhor amiga morta, é bizarra, mas acaba sendo uma das melhores coisas dessa produção. NATALIE me pareceu ter mais desenvolvimento que a própria protagonista. O vilão Capuz é fraco no geral. Em vez de sentir ranço dele, acabei sentindo uma certa simpatia por seus problemas familiares. A Marvel ainda nos “tacou na cara” um antigo desejo, mas acredito que chegou bem tardiamente e não impactou como deveria.

Conclusão

Fiz parecer que Coração de Ferro é a pior coisa já feita pelo estúdio, mas não é; temos coisas muito piores, como Homem-Formiga: Quantumania (2023) e Thor: Amor e Trovão (2022). Porém, ela é fraca, sim. Seu final chega a ser de mau gosto com a personagem e com o público que acreditou que ela sairia dessa história muito maior do que como entrou. A ideia é mostrar que Riri Williams ainda terá muitas aventuras pela frente (o vilão Capuz também, como vimos na cena pós-crédito), mas só acredito que todos eles cairão em um profundo esquecimento, como outros personagens que vimos por aí.

Coração de Ferro está disponível na Disney+.

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