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Elio, mantém o nível da Pixar, mas sem uma grande inovação

A iminência de qualquer estreia de um novo filme da Pixar sempre me deixa bastante animado. Não quero nem saber a temática, só sei que estarei prestigiando a empresa assistindo à sua nova obra no cinema. Acredito que eles já alcançaram seu auge e se manter nesse topo é extremamente difícil. Porém, a qualidade de suas obras está sempre lá em cima, mantendo a excelência. Embora Elio não se configure entre os melhores longas deles e não traga algo realmente novo e surpreendente, ainda assim, é uma obra que merece ser vista por crianças e adultos. Ele ostenta um selo de qualidade com louvor.

Sinopse

A história gira em torno de Elio Solis, um menino de 11 anos que se sente um “alienígena” na Terra e que sonha em ser abduzido por extraterrestres. Seu desejo se realiza de uma forma inesperada quando ele é acidentalmente transportado através da galáxia e é confundido com o embaixador intergaláctico da Terra. Elio se vê em meio a uma assembleia de alienígenas excêntricos de diferentes planetas e deve representar a humanidade, mesmo sem saber exatamente onde se encaixa. Sua jornada o leva a explorar temas de identidade, pertencimento e a descoberta de seu verdadeiro propósito enquanto ele navega por desafios intergalácticos e forma laços improváveis com seres de outros mundos.

Em busca da identidade e do pertencimento

O criador da história original, Adrian Molina (Viva: A Vida é uma Festa), baseou muito de Elio em si mesmo. Ele cresceu como filho de militar e frequentemente se sentia deslocado, uma sensação que é central para a jornada de Elio. Com base nisso, o filme aborda temas centrais como identidade e a sensação de pertencimento. Por sentir que ninguém se importa com ele, uma fuga dessa realidade é necessária. Nada melhor do que ser abduzido e ir de encontro com criaturas que o achariam uma pessoa normal. Sua sensação de não pertencimento se confronta quando ele conhece um novo amigo alienígena que passa por algo semelhante. Ao se olhar nesse “espelho” metafórico, começa a ter a noção de que ele não está tão abandonado quanto pensa.

Universo alienígena tecnicamente perfeito

Na parte técnica, o longa animado não deve nada a ninguém. A criatividade envolvida na construção do mundo através da direção de arte e do design dos personagens é suficiente para conquistar qualquer pessoa. A criação de diversas raças alienígenas apresentadas em tela se torna incrível com o uso de cores, formas e texturas memoráveis, nos dando um visual de cair o queixo. Em alguns momentos, me peguei olhando a riqueza dos cenários, principalmente na nave principal alienígena, que é cheia de cores e brilho. Esse é o terceiro longa da Pixar que aborda a ficção científica, e é nítido a inspiração em clássicos do estilo como Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977).

Humor e emoção

Como todo bom filme da Pixar, o equilíbrio entre humor e emoção é feito de forma bem equilibrada. Posso dizer com tranquilidade que temos bastante disso por aqui. O roteiro consegue discutir emoções mais sérias com um humor bem peculiar e simples, sem sair do tom. Em determinados momentos, temos até uma pitada de terror, que, se fosse em um filme mais sério, eu teria ficado nervoso. Mas o seu maior trunfo mesmo é o lado emocional. A relação de Elio com sua tia Olga é o ponto central: ela busca demonstrar seu afeto, mas ele, inicialmente, não lhe dá abertura, até que compreende a verdadeira natureza de seus laços. O final emotivo é garantido. Não cheguei a chorar, como de costume, mas é um momento bem tocante.

Conclusão

Elio é efetivo no que se propõe: diverte e aborda temas sensíveis com os quais muitas pessoas irão se identificar. Está longe de ser uma obra-prima da Pixar, mas é mais uma boa adição a esse catálogo que se destaca por sua excelência. As questões como a importância da comunicação, da aceitação de diferentes culturas e empatia com o próximo são pontos de grande destaque. Crianças e adultos se divertirão juntos e entenderão de forma simples todas essas mensagens. O significado de ser normal transcende quando conseguimos dar valor à singularidade de cada indivíduo.

Elio estreia nos cinemas em 19 de junho.

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