Quebrando Regras é um novo e inspirador filme de drama, distribuído pela Paris Filmes, que chegará em breve ao Brasil. A trama é baseada em uma história real de meninas afegãs que formam a primeira equipe de robótica do país. Em um lugar onde o ensino feminino era altamente restrito e o uso de computadores por meninas ainda mais proibido, a iniciativa se mostra um verdadeiro desafio. O longa é dirigido por Bill Guttentag, um cineasta experiente e vencedor de dois prêmios Oscar pelos documentários Twin Towers (2003) e You Don’t Have To Die (1988). Sua experiência em documentários e narrativas baseadas em fatos já sugere uma abordagem sensível e autêntica a essa trama, que promete emocionar e nos fazer refletir sobre realidades distantes da nossa.
Sinopse
O filme acompanha Roya Mahboob (Nikohl Boosheri), uma mulher visionária que, contra todas as adversidades, decide desafiar o sistema ao formar a primeira equipe de robótica exclusivamente feminina do Afeganistão. Conforme o talento e a inovação das jovens ganham destaque internacional, o sucesso da equipe atrai tanto esperança quanto perigosas oposições. Assim, a coragem da protagonista e das meninas não só incendeia um movimento transformador, mas também as impulsiona a lutar por um futuro onde o conhecimento e a liberdade possam, de fato, mudar o mundo.
A luta pela educação e o empoderamento feminino
Não sou um profundo conhecedor do Afeganistão, mas sabemos superficialmente o quão rígido o país é com suas regras e como a mulher é subjugada nessa cultura. Falo isso sobre o regime que veio após a tomada do país pelos Estados Unidos; se já vemos que é ruim dessa forma, imagine antes. É importante notar esse cenário para percebermos a grande importância central da educação no filme e como ela se torna um ato de rebelião e empoderamento para as personagens femininas. Nossa protagonista desafia os limites dessa realidade ao montar a equipe de robótica. Ao mesmo tempo em que começa a receber sérias ameaças por isso, ela consegue ensinar conhecimentos técnicos a essas meninas e a terem autoconfiança e capacidade de sonhar, algo que elas nem sabiam ser possível.
Relevância por ser uma história real
Forçando um pouco (ou não), podemos até mesmo usar a robótica como uma metáfora para quebrar barreiras e construir um futuro diferente. Saber que essa história é baseada em meninas de verdade que passaram por isso engrandece muito o drama, e só podemos imaginar o quão difícil foi para elas todo esse processo. Não apenas lidar com a ignorância de seu povo, mas também mostrar para o mundo que são capazes de feitos grandiosos e históricos. Certamente, o ponto forte do filme é a mensagem de esperança e resiliência transmitida por essa história. A inspiração é passada ao público na medida certa e nos abre os olhos para um país do qual, geralmente, escutamos apenas coisas negativas.
Problemas e clichês
Embora tenha uma linda história de superação e força, o longa possui alguns problemas que podem incomodar o espectador mais treinado. Nota-se pouco dinheiro na produção, e provavelmente aproveitaram encontros reais da área da robótica para fazer as gravações. Até aí, tudo bem; o problema é ver jovens do mundo todo tentando atuar e o resultado ser realmente ruim. A atuação é tão falha que quase tirou meu foco do que eu estava assistindo. Além disso, ainda há clichês desnecessários para aumentar o drama e a emoção. Um exemplo terrível foi a ajuda de um homem que já foi soldado do Exército norte-americano e serviu no Afeganistão. As frases proferidas são tão melodramáticas e cafonas que também desviam o foco daquilo a que devíamos estar mais conectados. São erros comuns que poderiam ser evitados.
Conclusão
Quebrando Regras se passa no ano de 2017, quando o país ainda se encontrava “livre”. Em 2021, o Talibã reconquistou o país. É muito triste constatar que o que essas meninas sofreram e conquistaram aqui meio que não serviu de quase nada para o país. Com eles no poder, meninas nem podem estudar, sair de casa sozinhas ou mesmo sem o véu. Por isso, a conquista delas perante o mundo tem que se mostrar relevante, e nada melhor do que este filme para ilustrar isso. É um bom longa que aborda temas interessantes, mas que quase perde o tom por ser um pouco ingênuo em determinadas partes. Para quem quer saber o que acontece com as meninas após o regime talibã ter voltado, basta ver o filme. Espero ter sanado a curiosidade.
Quebrando Regras estreia nos cinemas em 26 de junho.