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Sexa, nova comédia marca a estreia de Glória Pires como diretora

Sexa é um novo filme do cinema brasileiro, marcando a aguardada estreia da consagrada atriz Glória Pires em sua primeira direção de um longa-metragem de ficção, no qual ela também assume o papel principal. Com lançamento previsto para 11 de dezembro de 2025, o título é uma referência direta à condição de sexagenária da protagonista, Bárbara, e funciona como plataforma para a discussão de temas contemporâneos urgentes. A produção confronta abertamente o etarismo e o sexismo na sociedade, celebrando o poder feminino na maturidade e a liberdade de viver paixões e redescobertas, contando com um elenco de peso que inclui Thiago Martins e Isabel Fillardis.

Sinopse

Bárbara (Glória Pires) é uma mulher que entra em profunda crise e pânico existencial ao completar 60 anos, sentindo-se desapontada com sua vida e pronta para desistir de romances. Sua perspectiva de vida é completamente alterada quando ela inesperadamente se envolve com Davi (Thiago Martins), um homem 25 anos mais jovem que é viúvo. Enquanto vive intensamente essa paixão arrebatadora e questiona seu desejo de se manter livre das amarras sociais, Bárbara é forçada a confrontar seus próprios medos sobre a velhice e desafiar os julgamentos da sociedade conservadora em relação à grande diferença de idade no relacionamento.

Crise sexagenária e o etarismo

Não é sempre que se atinge os 60 anos de idade. Essa data acaba servindo como um grande e poderoso ponto de partida para a crítica ao etarismo enraizado na sociedade. O filme não apenas ilustra o drama de uma pessoa diante do amadurecimento e da perda de visibilidade, mas o utiliza para desmantelar as expectativas limitantes impostas às mulheres maduras. Ao invés de aceitar a invisibilidade social e a resignação, o tormento de Bárbara acende sua busca por autodescoberta. Todo esse contexto é apresentado de uma forma clara, a ponto de o espectador compreender de imediato o foco da história. No início, tudo me pareceu muito expositivo, mas no decorrer da projeção começou a ficar mais orgânico.

A dinâmica do relacionamento intergeracional

O romance entre Bárbara e o jovem Davi é o estopim da trama e o principal agente de transformação para a protagonista, sendo vital para o desenvolvimento. Clichês de comédias românticas são bastante pincelados aqui, e essa conexão faz a personagem crescer de uma forma que ela não esperava. Já vimos esse tema de uniões com diferenças de idade, e a narrativa é retratada com as mesmas perspectivas comumente encontradas. Um casal intergeracional enfrenta muitos preconceitos das pessoas em volta, parecendo que essa é a única abordagem possível. Em vez de apenas rotular esse relacionamento, gostaria de ter visto um romance que fosse tratado com a profundidade que merecia. No final, o filme nos leva a crer que a relação não passou de uma aventura romântica que serviu para um crescimento mútuo, mas não permanente.

Alívio cômico e a rede de apoio feminina

Podemos dizer que Sexa é um romance que foca na busca do amadurecimento dos personagens. Porém, o humor e a leveza também são características fortes por aqui, além de mostrar muito bem a rede de apoio feminina. Esses dois elementos servem de contraponto à crise interna de Bárbara. A amiga íntima, Cristina (Isabel Fillardis), atua como alívio cômico e como a voz da racionalidade e da cumplicidade que a incentiva a ir para frente e viver plenamente. Tudo bem que em alguns momentos as situações soem forçadas, mas tudo é feito para reforçar a importância terapêutica dessa amizade, que sustenta a ideia de que a redescoberta da mulher na meia-idade é frequentemente um esforço coletivo e não apenas individual.

Conclusão

Sexa é uma boa estreia de Glória Pires na direção e entrega uma obra que mostra a essência do empoderamento feminino na maturidade. A crise dos 60 anos e o etarismo são bem explorados, a ponto de criar uma boa discussão com outros momentos de humor. Embora a narrativa simplifique e aborde novamente o romance intergeracional, não me pareceu ter caído na mesmice. Iniciar conversas sobre a sexualidade e a validade da pessoa madura no cenário amoroso é um acerto. É um filme indicado para o público que busca um divertimento descontraído com uma mensagem social relevante, e para telespectadoras que procuram motivação para viver intensamente, desafiando a idade.

Sexa estreia nos cinemas em 11 de dezembro.

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