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Wicked: Parte II, encerra a adaptação musical de forma satisfatória

Wicked: Parte II é a segunda parte da adaptação cinematográfica do popular musical da Broadway que, por sua vez, é uma releitura da história de O Mágico de Oz, focando na origem da amizade e da rivalidade entre Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande). Sob a direção de Jon M. Chu (Podres de Rico), a produção eleva a aposta ao transformar o segundo ato do musical em uma experiência imersiva própria, marcada pela decisão criativa de dividir a narrativa para preservar a integridade da produção. Com a promessa de canções inéditas de Stephen Schwartz (O Príncipe do Egito) e uma conexão visual mais tangível com o clássico de 1939, este capítulo final não busca apenas encerrar uma saga, mas consolidar a transformação de duas amigas em lendas, explorando com profundidade as nuances políticas e os sacrifícios pessoais que o palco muitas vezes deixava subentendido.

Sinopse

Após a fuga desafiadora de Elphaba (Cynthia Erivo) da Cidade das Esmeraldas, o longa mergulha nas consequências sombrias de sua rebelião, onde ela é caçada e rotulada como a Perversa Bruxa do Oeste, enquanto Glinda (Ariana Grande) se consolida como a amada figura pública da “Bondade”. À medida que o Mágico (Jeff Goldblum) e Madame Morrible (Michelle Yeoh) intensificam sua campanha de propaganda contra a jovem bruxa verde e uma inesperada casa trazida por um tornado se aproxima de Oz, as duas antigas amigas são forçadas a confrontar seus destinos entrelaçados. Em meio a perigos crescentes e à transformação de aliados em ícones familiares, nossas heroínas devem realizar sacrifícios dolorosos para expor a verdade, selando um legado de amizade que mudará a história de Oz para sempre.

O tom político e sombrio

Neste filme, o tom muda. No primeiro, temos um ambiente acadêmico e colorido, e agora temos cores mais escuras que transbordam um certo tipo de suspense político. A inocência foi deixada de lado e entramos em uma Oz mais sombria. A trama mergulha nos mecanismos do autoritarismo, explorando como o Mágico e Madame Morrible utilizam a propaganda e a imprensa para transformar Elphaba na “Inimiga Pública Número Um”. Este segmento amadurece a narrativa ao abordar temas como a manipulação das massas e o preço do ativismo, mostrando Elphaba não como uma vilã, mas como a líder de uma resistência desesperada para salvar os Animais de Oz da opressão sistêmica. Tudo isso, enquanto é perseguida e odiada por todos.

A colisão com o clássico de 1939

O primeiro longa funcionava como uma história de origem distinta, pincelando algumas pequenas dicas sobre O Mágico de Oz. Desta vez, ele colide direto com a história clássica. A narrativa avança para revelar as origens trágicas e literais dos companheiros de Dorothy Gale. A chegada da protagonista do clássico deixa de ser apenas um detalhe de fundo para se tornar um catalisador narrativo, com o tornado e a casa criando uma ponte tangível entre a história revisionista de Wicked e a iconografia imortalizada pelo filme de 1939. Daí vem minha principal crítica. Esses elementos fazem com que a história corra e faz com que elementos apresentados nesta obra não façam muito sentido com o original. Os destinos de nossas heroínas acabam parecendo forçados para que tudo faça sentido com a história que conhecemos.

Músicas inéditas

Não há dúvidas de que os fãs do musical vão se deleitar nesta continuação. O diretor implementa novos momentos e dá mais consistência à história. Acredito que os novos momentos musicais vão fisgar a todos, mas senti falta de uma música que fosse tão marcante quanto Popular ou Defying Gravity, vistas e ouvidas no primeiro longa. Porém, o compositor original, Stephen Schwartz, criou duas novas canções especificamente para este desfecho cinematográfico, com destaque para uma faixa que explora a solidão de Elphaba e sua busca por pertencimento. Mesmo não tendo uma canção tão marcante quanto as que citei, é inegável que existem grandes bons momentos nesta nova empreitada.

Conclusão

Wicked: Parte II é um encerramento grandioso, que traz um cunho emocional muito grande entre as protagonistas. O desfecho pode ser considerado satisfatório e agridoce para quem espera um final tradicional. A celebração de uma mentira, por fim, pode acabar sendo a solução mais pacífica entre todas. A escolha por dividir a peça em dois filmes foi muito acertada. Dessa forma, ganhamos mais profundidade e mais momentos com nossos queridos personagens. Cynthia Erivo e Ariana Grande são o coração do filme e mostram o grande poder dessas duas grandes personagens, enquanto as atrizes brilham em seus respectivos papéis. Sua importância transcende o gênero musical ao debater temas atuais como desinformação e sacrifício, tornando-se uma experiência obrigatória para fãs da Broadway e amantes de fantasia épica.

Wicked: Parte II estreia nos cinemas em 20 de novembro.

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