Desenhos (Sketch) é um novo filme de comédia e fantasia voltado para o público infantil. Ele é dirigido e roteirizado por Seth Worley, que após produzir vários curtas-metragens, resolveu se aventurar nos longas-metragens pela primeira vez. O nome mais conhecido do elenco fica por conta de Tony Hale, ator conhecido por sua comédia e visto em séries como Arrested Development (2003 – 2019) e Veep (2012 – 2019). O longa é uma produção cheia de criatividade que mistura humor e elementos de fantasia, com alguns toques de terror. Nada pesado, mas possui um certo teor.
Sinopse
O mundo vira de cabeça para baixo quando uma adolescente descobre que seu caderno de esboços tem o poder de dar vida a tudo o que ela desenha, depois que o objeto cai em um lago mágico. Quando as criaturas ganham vida de forma caótica, ela e seu irmão embarcam em uma jornada para capturar suas criações e restaurar a ordem antes que a imaginação dela cause um desastre de proporções catastróficas para sua cidade. Enquanto isso, o pai da dupla tenta encontrar os filhos para protegê-los dos perigos que eles, sem querer, desencadearam.
Mistura de gêneros
Desenhos consegue ser original, até certo ponto, e também consegue misturar gêneros como comédia, aventura, fantasia e um pouquinho de terror. Ele pega a imaginação de uma adolescente e a torna uma força incontrolável e literal. Amber (Bianca Belle) está sofrendo com a recente morte de sua mãe e a única forma que ela consegue desabafar essa dor é desenhando. O problema é que toda sua angústia faz com que ela só crie criaturas tenebrosas. Qualquer pai ou professor ficaria preocupado com o teor horripilante de suas obras, mas canalizar o seu ódio para algo que não machuque outras pessoas acaba sendo a melhor maneira de extravasar a dor interna. Tudo certo, até as criaturas ganharem vida e transformarem o mundo real em caos.
Uma boa obra infantil
Apesar de o terror estar intrínseco na história, ele nunca chega às vias de fato. Temos criaturas sombrias, mas nenhuma delas chega a causar um estrago ou a matar alguém de verdade. Ainda é uma obra bem infantil e não precisaria chegar a tanto. A maioria dos monstros tem um ar de fofo por mais que queiram machucar as pessoas. Nessa falta de algo realmente grave, acabamos tendo espaço para o humor, que diverte bastante. Soltei algumas risadas sinceras que me fizeram sair da projeção mais feliz e leve. Nem a falta de uma junção melhor entre o live-action e o CGI tirou o meu humor, embora tenha observado que este ponto foi uma das coisas mais malfeitas desta obra.
Trabalhando o luto
Um ponto um pouco mais profundo que esse longa trabalha é o luto. Estamos diante de uma família que perdeu a matriarca. Dois filhos jovens e um pai que estão em sofrimento, cada um a sua maneira. Embora Amber seja a protagonista de fato, seu irmão Jack (Kue Lawrence) também possui grande importância para a narrativa. Ele descobriu o lago que traz as coisas à vida e seu plano era jogar as cinzas da mãe nesse lugar para tê-la de volta. Se pararmos para pensar um pouco, vemos como essa é uma temática forte. Jack nunca se expressou como Amber e reteve todas as suas emoções. Com isso, ele pensou em fazer algo antinatural para que todos ficassem felizes no final. Forte, e de alguma forma, isso conseguiu tirar alguma emoção de mim. Ainda é uma obra bem infantil, mas teve essa força para mexer com nosso emocional.
Conclusão
Desenhos não inventa a roda, mas diverte na medida. Acredito que o público infantil vai adorá-lo, assim como uma parte dos adultos. Possui problemas com o uso do CGI em diversos momentos, mas posso simplesmente relevar isso por saber que é uma obra de baixo orçamento, que possui um grande coração. Além de divertir, ainda podemos tirar uma reflexão inteligente que celebra a arte de uma maneira metafórica, mostrando a importância de ser cuidadoso com o poder da imaginação. A criatividade pode ser uma força de mudança, mas também é necessário assumir a responsabilidade pelas consequências de nossas criações.
Desenhos estreia nos cinemas em 04 de setembro.