Frankie e os Monstros é uma nova produção animada infantil que apresenta um universo gótico e cômico, visivelmente inspirado no clássico de Frankenstein. O longa-metragem é uma adaptação do popular livro infantil chamado Stitch Head (o primeiro da série e título original desta obra), do autor britânico Guy Bass, lançado em 2011. A direção é de Steve Hudson e a voz do personagem principal na versão original é dublada por Asa Butterfield, conhecido por obras como A Invenção de Hugo Cabret (2011) e séries como Sex Education (2019-2023). Essa produção europeia (Reino Unido, Alemanha, Luxemburgo e França) combina um visual sombrio com uma história cheia de coração, explorando temas de pertencimento e identidade.
Sinopse
No castelo Grotescal, lar de um cientista louco e de suas criações monstruosas, vive Frankie, uma criatura feita de retalhos, a primeira invenção do professor, que agora serve de assistente para as invenções mais recentes. Apesar de sua lealdade e obediência, o protagonista anseia por carinho e reconhecimento, sentimentos que seu mestre parece incapaz de oferecer. Sua vida muda radicalmente quando um circo dos horrores itinerante chega à cidade. O proprietário do show enxerga em Frankie a atração principal perfeita e o tenta com a promessa de tudo o que ele sempre desejou: fama, fortuna e, mais importante, amor e aceitação, forçando o monstrinho a decidir se deve abandonar seu lar e seus amigos pelo mundo exterior.
Inspirado na obra clássica de Frankenstein
O filme estabelece uma clara, porém sutil, homenagem ao mito de Frankenstein. Frankie é, essencialmente, uma versão infantil e reformulada da criatura de Mary Shelley (autora original de Frankenstein): um ser composto de partes, criado pela ciência e que busca desesperadamente um lugar no mundo e o afeto de seu criador. No entanto, a animação subverte a tragédia original, trocando o horror pelo humor e a melancolia pela aventura de autodescoberta. O nome original do herói, Stitch Head (Cabeça de Costura), e a própria premissa de um castelo cheio de invenções esquecidas, remetem diretamente ao laboratório sombrio do Dr. Frankenstein, mas o longa se concentra na jornada emocional do personagem, transformando a criatura em um protagonista carismático. Afinal, estamos falando de uma produção infantil e não sobre uma obra de terror de fato.
História gótica para toda a família
O tom do longa navega entre o gótico e o cômico para garantir sua acessibilidade ao público infantil, sem perder a essência das histórias de monstros. O humor reside frequentemente no absurdo e na excentricidade dos personagens e situações, como o próprio cientista maluco, que é mais distraído e egocêntrico do que maligno, e as criaturas que ele inventa, que são mais desajeitadas do que aterrorizantes. A comédia de situação e os diálogos leves, juntamente com o design fofo do protagonista feito de retalhos, suavizam os temas potencialmente mais sombrios (como o abandono e o medo) e transformam a aventura de Frankie em uma história de Halloween familiar. Desse modo, a produção animada consegue introduzir elementos de fantasia gótica para crianças de uma forma divertida e inofensiva.
Pertencimento e aceitação como temas
A busca universal pelo pertencimento é um dos temas principais desta obra. Frankie, apesar de ser a primeira e mais fiel criação de seu mestre, sente-se negligenciado e invisível, vivendo à sombra das invenções mais recentes. Sua hesitação em deixar o castelo e, ao mesmo tempo, o fascínio pela promessa de aceitação e reconhecimento no circo dos horrores, ilustram o conflito interno de quem é diferente e deseja ser amado. A narrativa, portanto, é uma poderosa alegoria sobre aceitar a si mesmo e encontrar sua própria família, seja ela biológica, criada ou formada por outros seres que também não se encaixam nas normas, reforçando a mensagem de que a diferença deve ser celebrada e aceita. Diria que essa é a grande lição que querem passar, e tudo em um tom que as crianças vão entender.
Conclusão
Frankie e os Monstros cumpre a promessa de uma comédia sombria com apelo familiar. Seus pontos positivos incluem a vibrante direção de arte gótica, o tom cômico e sentimental na medida certa e a forte mensagem de aceitação e autodescoberta. No entanto, um ponto negativo que pode ser percebido é que, em alguns momentos, a narrativa segue caminhos previsíveis, típicos de histórias de jornada do herói, o que pode não surpreender o público mais velho. A importância do filme reside em humanizar as figuras de monstros e celebrar a singularidade de forma divertida e acessível. Portanto, é um longa indicado especialmente para crianças e pré-adolescentes que apreciam animações com temas de amizade e fantasia, bem como para famílias em busca de um programa leve e visualmente estimulante, perfeito para ser assistido próximo a datas como o Dia das Bruxas acompanhados de muita pipoca e refrigerante.
Frankie e os Monstros estreia em 23 de outubro nos cinemas.