A terceira e última temporada de Round 6 estreou no final de junho na Netflix e trouxe o final derradeiro e cruel que já podíamos esperar. Ela funciona como um Volume 2 da 2ª temporada, já que continua toda a história que foi drasticamente interrompida com um gancho absurdo. Esperar seis meses pode parecer pouco, mas para mim foi a eternidade. Com esse final, posso dizer com tranquilidade que essa é uma das melhores séries dos últimos tempos e não é exagero dizer que é uma das melhores da década. Tenho somente alguns pequenos adendos, mas a considero perfeita e vai ficar na minha memória por um bom tempo.
Sinopse
Uma rebelião fracassada, a morte de um amigo e uma traição secreta. Após o final sangrento da segunda temporada, Round 6 retorna para sua terceira e última temporada, trazendo Seong Gi-hun (Lee Jung-jae), o icônico Jogador nº 456, no pior momento de sua vida. Mas o jogo não para por ninguém. Encarando um desespero avassalador, ele precisará tomar decisões cruciais enquanto os jogadores sobreviventes são arrastados para desafios letais. A cada rodada, as escolhas têm consequências ainda mais sombrias. Enquanto isso, In-ho (Lee Byung-hun) reassume o posto de líder para recepcionar os enigmáticos VIPs. Já seu irmão, Hwang Jun-ho (Wi Ha-joon), segue na busca pela ilha secreta, sem saber que está sendo traído por alguém próximo. Gi-hun fará as escolhas certas ou cederá de vez ao jogo impiedoso do líder?
Um final polêmico
Antes de terminar a série, já estava ouvindo algumas reclamações de seu final. Não posso negar que é polêmico, mas faz muito sentido com a jornada do nosso protagonista. Vimos uma sequência grandiosa de crueldade, selvageria e egoísmo nesta temporada. Os momentos finais foram poéticos e revelam que o ser humano é muito cruel, mas que ainda pode ter esperança. Nem todos são iguais, mas conseguimos ver lapsos de bondade e gentileza em pequenos momentos. Seong Gi-hun é um herói falho que começa a se sentir culpado pelas mortes causadas no final da 2ª temporada. Ele consegue se reerguer e achar um propósito muito nobre nesta reta final. O absurdo criado pelos VIPs e o Front Man vai além de tudo o que é absurdo e era preciso mostrar que estavam errados. “Nós não somos cavalos. Somos humanos”.
A influência da amizade com Seong Gi-hun
Sem querer, Seong Gi-hun conseguiu mexer com a cabeça do Front Man In-ho. Este, que é uma pessoa cruel e que já foi vencedor de um dos jogos realizados no passado. Vemos um vislumbre de seu passado e vimos como ele se tornou o homem que é. Perdeu a esperança na humanidade e nos faz pensar que, se tivesse um amigo de verdade como Seong Gi-hun em sua edição, as coisas teriam sido diferentes. Ele é pego de certa forma pelo heroísmo de nosso protagonista. Não o transforma em uma pessoa boa, mas o faz pensar e seu ato final é como um agradecimento por essa amizade inusitada, começada na 2ª temporada. Tudo isso me fez querer ver uma série prequel sobre esse personagem. Para mim, valeria.
Novos jogos
Os jogos finais mexeram demais comigo. O pique-esconde foi de uma crueldade que me fez ficar péssimo no final. São tantas histórias tendo um fim e tantas reviravoltas dramáticas que eu não consegui me sustentar emocionalmente. O Pular Cordas também teve momentos dramáticos demais. Quando pensamos que está tranquilo, o pior vem sem esperarmos. O jogo final, conhecido já por Sky Squid Game, também foi de cortar o coração. O jogo psicológico injetado nesta reta final mexe e ver todos os absurdos que aconteceram aqui é bom demais. Genialidade desse roteiro ímpar.
Um ótimo roteiro
Acho o roteiro realmente impecável. Os personagens são muito bem desenvolvidos. Ele faz algo do qual sempre reclamo por aí que não tem: desenvolve personagens o suficiente para nos importarmos. Tanto para os mocinhos quanto para os vilões. A morte das pessoas boas cai muito mal em nós, assim como a dos vilões que chega e nos dá um grande alívio e catarse. Ele é tão imprevisível que pessoas nada óbvias chegam no final e outras, nem tanto, nos deixam pelo caminho. Além de que alguns sobrevivem e que você não espera. O único ponto negativo fica para o núcleo do policial. Ele não fez absolutamente nada nessas duas temporadas. Foi quase um peso morto e até mesmo o seu final é um pouco frustrante. Porém, sua missão final pode ser a mais importante de sua vida.
Conclusão
Round 6 é perfeita, ou quase isso. Seu final é fechadinho, mesmo que tenham algumas pequenas pontas soltas para prováveis derivados (Round 6 EUA vem aí?). Além de mostrar o melhor e o pior da humanidade, ainda consegue criticar o capitalismo voraz que corrompe almas nobres e outras nem tanto assim. A falta de empatia dos VIPs é o sistema cuspindo na sua cara e mostrando que não liga para você, enquanto você mata o próximo por uma quantia que para esses excêntricos ricos não é absolutamente nada. Essa série mexeu comigo em diversos níveis e vou mantê-la viva por um bom tempo. Geralmente, sou do time contra derivados, mas confesso que gostaria de ver mais sobre isso.
As três temporada de Round 6 se encontram completa na Netflix.