Após o estrondoso sucesso de M3GAN (2022) nos cinemas, uma continuação era inevitável. Com um orçamento inicial de apenas US$ 12 milhões, o filme arrecadou impressionantes US$ 180 milhões mundialmente. Rapidamente, M3GAN 2.0 recebeu sinal verde, e toda a equipe criativa original retornou: Gerard Johnstone na direção, Akela Cooper e James Wan no roteiro. Além disso, Jason Blum (Blumhouse Productions), James Wan (Atomic Monster) e a atriz Allison Williams atuam como produtores. O novo enredo promete mais ação e menos suspense, abraçando a ‘galhofa’ enquanto busca expandir o universo da boneca assassina favorita da internet.
Sinopse
Dois anos após os eventos aterrorizantes do filme original, M3GAN 2.0 mergulha Gemma (Allison Williams) e Cady (Violet McGraw) em um novo pesadelo quando uma ameaça ainda mais avançada surge: Amelia, um robô militar humanoide criado a partir da tecnologia roubada de M3GAN. Com Amelia buscando uma “tomada de controle” global através da inteligência artificial, Gemma é forçada a ressuscitar M3GAN, reconstruindo-a para ser mais rápida, forte e letal. O filme se desenrola como uma emocionante batalha de IAs, onde M3GAN, antes vista como a vilã, deve se tornar a última esperança da humanidade contra a crescente dominação tecnológica de Amelia.
A evolução de M3GAN
A inspiração na franquia O Exterminador do Futuro é gritante. Se no primeiro filme M3GAN tenta matar nossas protagonistas, aqui, ela se junta a elas para salvar o mundo. Antes vilã, agora uma heroína. Apenas M3GAN é capaz de derrotar Amelia, uma nova robô de IA superpoderosa. O interessante é que vemos uma M3GAN sendo ela mesma, sem freios e expressando todas as verdades que ela acredita. Um tom de comédia eficaz surge daí, e a relação entre ela e sua criadora Gemma (Allison Williams) torna-se um dos destaques da história. Você conseguiria acreditar 100% em um robô que já tentou te matar uma vez? Essa dinâmica é explorada constantemente e é um dos grandes pontos altos do longa.
Um alerta para o futuro da tecnologia
Um dos pontos altos do longa reside no pano de fundo da história. Enquanto acompanhamos a trama principal com os personagens centrais, em segundo plano, há um debate sobre a nossa realidade e como o mundo ainda não sabe lidar com temas como inteligência artificial, tecnologia e o controle que ela pode exercer sobre a humanidade. O medo de uma IA autônoma e os perigos de tecnologias avançadas nas mãos de pessoas erradas permeiam o nosso dia a dia. O filme tenta suscitar discussões sobre o que é certo ou errado nesse meio. O problema é que isso desliza para um confronto exagerado de duas robôs se digladiando no final. O assunto é pertinente aos dias de hoje, mas ainda há muito a ser conversado. Espero que não cheguemos ao ponto de enfrentarmos uma Amelia ou uma M3GAN como ameaça mundial.
Mais comédia e ação, menos terror
Agora, abordarei o assunto mais polêmico que permeia este filme. Esqueça o terror e o suspense que vimos no original e que esperávamos nesta sequência. O que temos aqui é uma nova história com bastante ação e até mesmo com fortes pitadas de um thriller cibernético. Há algumas mortes chocantes, mas nada é mostrado explicitamente. O filme foi feito pensando no público mais jovem, e a violência gráfica se manifesta apenas em indícios visuais. O humor vem muito mais forte, e o tom de ‘galhofa’ misturado com vergonha alheia chega com intensidade. Temos uma nova dancinha, mas não atinge o nível do original (nem a dança, nem o momento). Adicionalmente, há uma canção cantada por M3GAN que nos faz rir pelo absurdo e pelo momento inusitado que consegue nos deixar momentaneamente desconfortáveis.
Conclusão
M3GAN 2.0 cumpre seu objetivo de divertir, contudo, não foi o filme que eu esperava assistir. A mudança de tom pode incomodar aqueles que aguardavam algo mais parecido com o original. Já quem não tinha expectativas pré-concebidas, pode se divertir muito mais com esta continuação. O universo da boneca é expandido e, se fizer sucesso, podemos esperar por novas continuações. M3GAN ainda se mantém icônica, apesar de alguns deslizes criativos, e é, por si só, uma ótima personagem com nuances que flertam entre o heroísmo e a vilania.
M3GAN 2.0 estreia nos cinemas em 26 de junho.