Tom & Jerry: Uma Aventura no Museu é um longa-metragem sob a direção de Gang Zhang. Esta nova história marca o retorno da icônica dupla da Warner Bros. aos cinemas em um formato totalmente animado em CGI. Fruto de uma coprodução entre Estados Unidos e China, a obra se distancia da estética de filmes anteriores para apostar em um visual tridimensional moderno, tendo sua primeira exibição de destaque no Brasil durante a CCXP25. Com vozes originais de Eric Bauza e Ben Diskin, a produção prepara sua chegada ao circuito comercial brasileiro para o início de janeiro de 2026, prometendo uma escala de aventura inédita para os protagonistas.
Sinopse
A eterna rivalidade entre o gato Tom e o rato Jerry toma proporções épicas quando, durante uma perseguição frenética pelos corredores de uma exposição, a dupla ativa acidentalmente um artefato místico conhecido como a Bússola Mágica. O objeto os transporta para um reino fantástico e desconhecido, onde são forçados a abandonar as brigas habituais para sobreviver aos perigos de uma civilização perdida e enfrentar o temível vilão Mega-Ratão. Perdidos no tempo e no espaço, Tom e Jerry precisam aprender a cooperar em uma jornada de volta para casa que testará os limites de sua improvável aliança.
Uma nova produção para um novo público
Tom e Jerry sempre foi um dos desenhos que mais acompanhei na infância. Adorava o Jerry e, depois que cresci, passei a simpatizar mais com o Tom. Ver esta nova empreitada me fez perceber que os realizadores não quiseram olhar para o passado, mas sim focar em um provável público novo. Converter episódios curtos de 10 minutos em uma narrativa de 100 minutos é um desafio. A primeira dificuldade reside em manter um ritmo capaz de segurar o espectador. Apesar de apresentar boas cenas de ação e alguns lampejos de humor físico, não creio que o longa consiga se sustentar. Isso se agrava pelo fato de os protagonistas não se comunicarem verbalmente, transferindo a função de explicar a trama para personagens secundários que não despertam tanto interesse.
Uma coprodução internacional forçada
Outro problema surge quando notamos que Tom e Jerry parecem coadjuvantes de sua própria aventura. Tudo se inicia no museu, com uma esquete clássica da dupla se engalfinhando, até que, subitamente, são lançados em uma China ancestral envolvida em uma luta de poder que não faz sentido para os personagens centrais. A influência da coprodução chinesa é tamanha que, se retirássemos os protagonistas, ainda teríamos uma história completa. Essa estratégia de “alavanca” comercial entre EUA e China soou artificial e prejudicou a experiência.
CGI e a trégua entre rivais
O filme é inteiramente concebido em CGI e, visualmente, o resultado é bonito, embora a ausência da animação clássica seja sentida. Por incrível que pareça, o estilo antigo torna-se mais precioso diante da modernidade apresentada. No cerne narrativo, mesmo com a dupla sendo escanteada, ainda há o que observar: após décadas de rivalidade, eles são obrigados a selar uma trégua. Gosto de quando se unem por um bem comum, pois isso cria uma camada extra em suas personalidades. Eles possuem uma boa química, mas, ao final, ela não é suficiente para salvar o conjunto da obra.
Conclusão
Tom & Jerry: Uma Aventura no Museu acaba sendo apenas mais um produto voltado ao público infantil. Utiliza tecnologia de ponta, mas carece da alma do clássico. A transição da comédia física despretensiosa para uma aventura fantástica repleta de personagens coadjuvantes onipresentes não me pareceu acertada. Embora a rivalidade entre os dois seja atemporal, senti que essa essência foi diluída nesta produção. O filme visa celebrar os 85 anos desses ícones, mas também projeta um vislumbre de um futuro do qual não me sinto parte. Talvez, se o foco permanecesse na dupla em vez de figuras irrelevantes, o resultado fosse superior. Acredito que essas palavras sejam apenas de um “velho chato” que não saiu entusiasmado com o que viu.
Tom & Jerry: Uma Aventura no Museu estreia nos cinemas em 08 de janeiro.

